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Descrição

COMUNICAR E EDUCARNO TERITÓRIO BRASILEIRO: uma relação milenar
Michel Justamand 14x21cm 84 páginas ISBN 978-85-63354-14-3
Numa época em que, conforme uma lógica primária da chamada ciência clássica ou ocidental (o que é muito antigo), se insiste em pensar para frente, Michel Justamand nos vem aqui falar da ausência, nos livros didáticos etc, da história milenar contada pela enorme variedade de pinturas rupestres espalhadas pelo território brasileiro. Há nisso já uma grande contribuição e exercício de conhecimento: não se pode pensar o presente e acelerar o futuro sem a presença reatualizada (quer dizer, transposta, traduzida) das imagens pictóricas dos mais antigos povos, pois que revelam uma tensão entre o corpo e a paisagem, um corpo-ambiente, que se propagará, embora de forma às vezes oculta e/ou excluída, nas manifestações mais complexas e legítimas do barroco colonial, das vanguardas mestiças ou do tropicalismo, por exemplo. Essas gravuras vêm formando a nossa imagem, uma certa maneira, talvez, de fazer a luz incidir sobre os objetos cotidianos, formando tessituras e arabescos, com o aproveitamento das ranhuras e saliências rochosas, de tal modo que adensa-se a aproximação entre as coisas pintadas e o entorno diário e social. A separação entre signo e “referente” é uma invenção do pensamento moderno que nunca serviu para as regiões onde a natureza (corpos, bichos, plantas) se enrosca na cultura, onde comer, pintar ou falar é incorporar a paisagem. E essa nossa imagem, em movimento de vaivém, já era tendencialmente mestiça. Muito importante a atenção de Michel às investigações que expõem mesclas e diversidades interpretativas nos sinais produzidos por tradições e subtradições diferentes no tempo e no espaço: “... os arqueólogos vem apontando para a possibilidade de as manifestações rupestres terem servido para os grupos se comunicarem, ou mesmo para que outras populações que chegaram no mesmo lugar, algum tempo depois, as usassem como ‘modelos’, pintando por cima delas e/ou ‘completando-as’”. Essas gravuras tão antigas vão falando de algo tão fundante e atual: a assimilação do outro e da paisagem. Amálio Pinheiro