A Construção Da Homossexualidade

Descrição

Inspirar-me no princípio da alteridade que nutre minha militância política em defesa dos direitos humanos, há pouco mais de três décadas, impõe que coloquemos em debate o movimento mais geral que empalma a questão da sexualidade humana e da orientação sexual na sociedade brasileira com seus desdobramentos no Amazonas.
As elaborações conceptuais produzidas sobre as homossexualidades, desde o período mítico, pré-científico, escolástico até a modernidade, não foram capazes de exaurir o preconceito contra homossexuais. Vários estudiosos, dentre os quais Foucault (2005)1 e Duby (1990),2 se ocuparam de uma abordagem de desconstrução do saber-poder que encerrou as homossexualidades no limbo do pecado, do crime e da doença.
Os espectros dessas teorias põem em evidência o fato de que esse tipo de preconceito se constitui numa formulação estigmatizante que se aloja na imaginação social com grande intensidade, o que torna difícil de depurar. Alimenta-se da ortodoxia judaico-cristã que retira do corpus doutrinário os afeminados e exclui as mulheres da ode ministerial por serem consideradas inferiores e de segunda categoria.
Interessante notar que, mesmo diante das céleres mudanças que ocorrem atualmente nas sociedades ocidentais, o mundo se mostra ainda tributário de velhas convenções. A época das ortodoxias parece, pois, ultrapassada, mas, não obstante, ainda são produzidos horrores contra homossexuais: homofobia, mortes sequenciais, cinismos institucionais, enfim, ampliação da intolerância.